Prevenindo lesões em cavalos atletas
Assim como os humanos, os cavalos destinados a provas equestres
necessitam de uma regularidade de treinamento, nutrição adequada, suplementação
e cuidados imprescindíveis para que possam exercer seu máximo desempenho nas
pistas. A fisiologia do exercício em equinos consiste no entendimento e estudo
das respostas do organismo de cavalos atletas frente aos exercícios físicos em
que são expostos nas diferentes modalidades equestres e dos mecanismos
responsáveis por permitir a realização de atividade física e produção de
energia para tal.
Os cavalos atletas são constantemente submetidos a exercícios a fim de
promover adaptações dos diferentes sistemas (cardíaco, ósseo, respiratório, musculoesquelético),
ao tipo de modalidade praticada, possibilitando assim um melhor desempenho. Os
componentes de um corpo vivo, ossos, articulações, ligamentos e músculos
apresentam uma "resposta adaptativa" às condições de trabalho a que
estão sujeitas, sendo esta adaptação possível através do estresse e tensão
causados pelo treinamento, que deve ocorrer de forma gradativa e planejada,
pelo aumento da intensidade de trabalho.
As alterações causadas pelo treinamento resultam em microlesões
fisiológicas que acometem principalmente fibras musculares, ligamentos, tendões
e estruturas articulares. Essas microlesões são, em tese, recuperadas pelo próprio
organismo que recompõe os tecidos danificados, tornando-os mais resistentes.
O sistema musculoesquelético em particular demanda um maior consumo de
oxigênio durante o exercício físico, principalmente pelos músculos responsáveis
pela locomoção, mas também pelo diafragma e músculos intercostais. Devido a
elevação do consumo de oxigênio há um aumento da perfusão sanguínea e consequentemente
a elevação da temperatura local nos principais grupos musculares. Este aumento
é desejável, uma vez que permite a otimização da atividade enzimática ao nível
das fibras musculares, de acordo com a evolução do treinamento, porém, pode vir
a ocorrer fraqueza, fadiga muscular e até lesões teciduais em casos em que o
animal não esteja preparado fisiologicamente para tal alteração.
O Princípio da Adaptação, debatida por fisiologistas, se baseia em três
fases distintas (fase de destruição, fase de reparo e fase de remodelação ou
super-compensação), que duram entre 24 e 48 horas.
- Fase de Destruição: quando ocorre o rompimento das fibras musculares,
formando hematoma e desencadeamento de reação inflamatória, como resultado do
exercício que ultrapassa a capacidade do músculo, podendo haver presença de dor
tardia.
- Fase de Reparo: consiste na fagocitose do tecido necrótico, na
regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido cicatricial
conectivo.
- Fase de Remodelação: período de maturação das miofibrilas regeneradas,
de contração, reorganização do tecido cicatricial e da recuperação da
capacidade funcional muscular.
Durante a execução de treinos intensos, há produção de radicais livres e
espécies reativas de oxigênio que, se não combatidas podem agravar a destruição
de fibras musculares
e retardar sua cicatrização. Além das lesões musculares, vários outros eventos
adaptativos ocorrem no organismo de equinos em treinamento.
O aumento da temperatura articular ocorre durante qualquer trabalho
físico, causando a destruição da cartilagem através da liberação da colagenase
sinovial e estimulação da síntese de cálcio.
O Tendão Flexor Digital Superficial (TFDS), por exemplo, pode
alcançar 45C, durante o galope, sendo este aumento de temperatura uma das
causas mais comuns da ocorrência de lesões do núcleo do tendão e destruição de
componentes da matriz celular tendínea.
O tecido ósseo, assim como os tecidos moles, responde sensivelmente ao
carregamento mecânico e, portanto, pode ser lesionado com o treinamento e deve
ser condicionado para suportar as cargas aplicadas. Toda atividade física gera
sobrecarga em algum ponto do aparelho locomotor e, quando esta ultrapassa a
capacidade fisiológica de recuperação, há a instalação de um processo
patológico.
A fisioterapia, quando realizada de maneira preventiva, tem por objetivo
reduzir a ocorrência de lesões que podem ser desencadeadas pelo treinamento e
acelerar o processo de recuperação das microlesões instituídas, proporcionando
assim uma maior longevidade esportiva e extrair o máximo rendimento de equinos
atletas. Pode ser aplicada com a utilização de equipamentos específicos ou
manualmente, com a realização de massagens e alongamentos.
O aspecto preventivo de lesões esportivas torna-se imprescindível para a
atuação do médico veterinário fisioterapeuta, que necessita direcionar seu foco
para situações de risco. Através de avaliações individualizadas e
acompanhamento dos atletas, deve identificar desequilíbrios de aprumos,
musculares, alterações posturais, e déficits biomecânicos que demandem de
intervenção, fazendo-se indispensável o conhecimento da modalidade equestre a
qual o cavalo atleta é destinado.
Autoras:
Maria Inês Gay da Fonseca Allgayer,
M.V. Esp. CRMV/RS 6792
Equine Therapist
FEI Permitted Treating Veterinarian - BRA
WALT Member (World Association for LASER Therapy)
AAEP Member (American Association of Equine Practitioners)
&
Carla Augusta Sassi da Costa Garcia
M.V. CRMV/RS 15818
Médica Veterinária
Mestranda em veterinária pela universidade federal de Pelotas (UFPEL)
...................
Maria Inês Gay da Fonseca Allgayer, M.V
Esp.
CRMV/RS 6792
Equine Therapist
FEI Permitted Treating Veterinarian-BRA
WALT Member
(World Association for LASER Therapy)
AAEP Member
(American Association of Equine Practitioners)
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