Conheça a Crioterapia
A palavra Crioterapia vem do grego
onde "crio" significa gelo e "terapia", terapia, ou seja, o tratamento por meio
do resfriamento.
O uso desta técnica é descrito desde
o antigo Egito, com relatos presentes também na Grécia e durante o Império
Romano, onde era utilizada antes de amputações e após traumas em soldados de
guerra.
A crioterapia consiste na diminuição
da temperatura em determinada região, seja com aplicação direta de gelo no
local, água com gelo ou com aparelhos específicos que realizem o resfriamento.
Sua utilização proporciona diversos benefícios aos cavalos, seja no auxílio de
tratamento de lesões já determinadas por um médico veterinário clínico ou na
prevenção de lesões durante o treinamento de cavalos atletas. Entre alguns dos
benefícios podemos citar: diminuição dos sinais de inflamação, diminuição do
metabolismo celular e circulação sanguínea no tecido lesionado, levando a uma
analgesia por redução da condução nervosa e sensação de relaxamento por alívio
da dor.
É de relevância salientar que a
aplicação de frio não atua de maneira anti-inflamatória como os medicamentos e
sim amenizando os sinais inflamatórios: calor, rubor, dor, perda de função e
edema.
Para que a crioterapia seja realizada
de forma eficiente, deve-se atentar para alguns fatores importantes como:
temperatura a ser atingida, tempo de aplicação e forma de aplicação.
Quanto a temperatura a ser atingida,
segundo estudos, o efeito analgésico é alcançado a partir de 14,4°C e a redução
de metabolismo local e diminuição da circulação sanguínea acontecem a partir de
13,8°C. Essas informações influenciam diretamente no tempo em que a crioterapia
deve ser aplicada, pois, tecidos mais profundos levam em torno de 7 a 10
minutos para atingirem a temperatura ideal, fazendo com que o tempo de
aplicação preconizado para a máxima eficácia seja de 30 minutos totais. Ainda
em relação a temperatura a ser aplicada, deve-se cuidar para que esta não fique
abaixo de 0°C, uma vez que pode vir causar lesões graves, prejudicar tecidos e
até provocar paralisia nervosa pelo frio. A FEI (Federação Equestre
Internacional) proíbe a utilização de aparelhos que atinjam esta temperatura,
considerando dopping esta conduta.
Quanto as formas de aplicação,
existem diversas maneiras. Encontra-se no mercado eqüestre diferentes
utensílios que possibilitam a realização da técnica, como bolsas de gelo,
bolsas de gel, bolsas química, botas de imersão em gelo e água, criomassagem,
pastas e spays e aparelhos que permitem realizar crioterapia associada a
drenagem linfática.
Entre as formas mais utilizadas e
eficientes podemos citar:
* Botas de Imersão em Gelo e Água:
consiste em botas resistentes de borracha que permitem a realização da terapia
até a região do carpo (joelho) com a mistura de água e gelo, porém, sabe-se que
para que seja realizado de forma efetiva deve-se acoplar mangueira de
turbilhonamento ou realizar uma homogeneização do gelo durante o tempo de
terapia, para que a temperatura seja uniforme em todo o membro.
* Criomassagem: é realizada com a
aplicação do gelo diretamente na região lesionada, em movimentos leves e
circulares, realizando uma massagem no local.
* Crioterapia associada a drenagem
linfática: aparelho que permite o resfriamento das estruturas simultaneamente a
drenagem linfática. Amplamente utilizado na medicina esportiva humana, a
drenagem linfática auxilia na eliminação de metabólitos resultantes dos
processos inflamatórios e treinamento, acelerando a recuperação.
Para avaliação da forma de aplicação
da crioterapia, pode-se utilizar a termografia, que consiste na utilização de
câmeras que mensuram a temperatura atingida após a aplicação, determinando sua
eficácia.
A crioterapia pode ser utilizada de
maneira preventiva, principalmente quando se tratam de equinos atletas. O
treinamento intenso resulta em pequenas lesões em diferentes tecidos,
denominadas microlesões fisiológicas. Ditas como fisiológicas, pois são
naturais de ocorrer em organismos sujeitos a treinamento. Essas microlesões
tendem a se recuperar por si só, porém, por ocorrerem recorrentemente e ter
pouco espaço de tempo (entre um treino e outro) para se recuperar, podem vir a
causar lesões maiores, como uma tendinite, por exemplo. Nesses casos a
crioterapia vem a acelerar o processo de recuperação dos tecidos, por frear os
sinais inflamatórios e proporcionar analgesia e eliminação do ácido lático e
metabolitos inflamatórios.
A crioterapia, quando aplicada de
forma correta, com métodos eficientes, pelo tempo certo e no local adequado é
uma grande aliada na prevenção e tratamento das lesões de cavalos atletas.
Porém, deve ter sempre o acompanhamento do médico veterinário, principalmente
durante o tratamento de lesões.
Maria Inês Gay da
Fonseca Allgayer, M.V Esp.
CRMV/RS 6792
Equine Therapist
FEI Permitted Treating Veterinarian-BRA
WALT Member
(World Association for LASER Therapy)
AAEP Member
(American Association of Equine Practitioners)
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